Sunday, June 29, 2014

Um recado à ditadura da magreza!

Por Michele Paulina Schaidt

Por alguns anos acreditei de fato que você era tudo de bom!
Que era maravilhoso ser assim; e que passar fome por vários dias, deixar de comer aquelas coisas gostosas e viver por ai caindo da fraqueza valia a pena!
Porquê a sociedade dizia que tinha que ser assim pra ser PERFEITA!!!
Fiquei vidrada achando que eu estava sendo ''FELIZ''.
Só achava mesmo!

Eu estava buscando PERFEIÇÃO mas só encontrei INFELICIDADE e TRISTEZAS.

É, percebi que você nem era tão legal assim e que no fundo, você era uma vilã!
Por um longo período fui muito triste!
Mas ai um dia a ficha caiu e eu pensei:

PERFEITA? Quem disse que preciso de PERFEIÇÃO pra ser feliz??
E outra, quem disse que SER MAGRA é SER PERFEITA?

Percebi o quanto estava errada e como fui boba.
Acreditei em uma mentira que muitas meninas da minha idade já caíram!

Mas pude entender que, a felicidade está contida em Deus, momentos, sorrisos, amigos, família e JAMAIS em números!

E dai que hoje eu estou usando 38?
A felicidade por acaso está no 34?
Eu posso dizer que por 2 anos usei este número e fui muito INFELIZ!

Mas hoje, cara ditadura da magreza, eu sou feliz de verdade!!!
E bem longe de você!!!

Ah e tem mais, Tenho que te dizer: Você não é perfeita coisa nenhuma!!!
Você é traiçoeira!!
Perfeito mesmo, só Deus! E a minha felicidade que está contida Nele e nos meus familiares e amigos!!!!

Hoje eu sou livre de você
Até nunca mais!




A Michele superou um transtorno alimentar e percebeu que a magreza não está relacionada à felicidade. Parabéns, Mi! Sua superação é incrível, e você merece muito! E obrigada por compartilhar sua história e trazer motivação a muita gente!

O processo da recuperação pode ser difícil, mas é muito recompensador!
A recuperação é possível, gente!

Wednesday, June 25, 2014

Homenagem aos profissionais de saúde

Por: Psicólogo Renan Barbizan de Campos

Quando se ingressa numa profissão ligada à saúde, as dificuldades já são plantadas desde o início, para que lá na frente ninguém diga que não foi avisado. São críticas, imposições, questionamentos, descrenças e tudo aquilo que se possa imaginar. Afinal porque cuidar do ser humano? Porque não escolher algo “mais fácil”? Algo “mais recompensador”?

Todos os dias em que acordo e me lembro de que vou poder proporcionar, com o fruto dos meus estudos, a tentativa de reaver a qualidade de vida a uma pessoa, meus olhos se abrem, minha boca sorri e meu dia ganha sentido.

Mesmo que muitas vezes os projetos não funcionem, mesmo que pacientes venham e vão como num piscar de olhos, mesmo que tenham dias onde a vontade perca para as adversidades da profissão, basta uma noite de sono e tudo volta como sempre foi. Ser um profissional da saúde é recompensador por natureza!

A alegria de ver outros profissionais dispostos a trabalhar com ética e postura, a ansiedade de novos casos, de novos desafios e o empenho em ideias a serem desenvolvidas com outras áreas em conjunto - tudo aquilo que me comprova a cada passo que a escolha pela saúde e pelo cuidar do outro é perfeita - me faz querer mostrar isso a mais e mais pessoas ao meu redor.

Fica aqui minha pequena homenagem àqueles que assim como eu saem de suas casas, de suas vidas, dispostos a fazer o bem sem ver a quem, a cuidar de todos os tipos de casos sem discriminar gênero, etnia, classe social, ou qualquer que seja a diferenciação entre um ou outro paciente que chega até nós. 
O lema é e sempre será fazer o que ama, e amar o que se faz!
Um passo de cada vez...






Obs.: O psicólogo Renan é um novo parceiro da Sobre Transtornos Alimentares.
Para contato e dúvidas: psicologia.renan@gmail.com
Blog: https://debatendoavida.wordpress.com/

Maiores informações no Mapa de Locais de Tratamento para T.A. no Brasil.



Wednesday, June 18, 2014

Quão grande é o espaço adquirido pelos transtornos alimentares atualmente?

Vocês já repararam como a frequência de transtornos alimentares (ou mesmo alimentação transtornada e insatisfação corporal) têm crescido na população? Apesar de não termos números exatos no Brasil, é possível ver esse crescimento. E, se você parar para pensar, é bem provável que você tenha um amigo, ou um conhecido, ou um amigo de um amigo, ou já ouviu falar de alguém, que já sofreu ou sofre de T.A.s.

Mas estas duas situações abaixo me fizeram ficar um tanto impressionada sobre o espaço que os transtornos alimentares têm adquirido atualmente. Parece que os T.A. não estão só entre as pessoas "saudáveis", mas também entre pessoas com situação de saúde mais complicada.

1) Há alguns meses vários artigos relatando a significante presença de transtornos alimentares em indivíduos com fibrose cística
Pra quem não sabe, a fibrose cística é uma condição genética que faz com que as secreções produzidas pelo indivíduo sejam mais espessas e mucosas do que nos indivíduos que não possuem essa condição. Isso traz muitas manifestações clínicas, incluindo problemas respiratórios e digestórios, que diminuem a expectativa de vida do indivíduo. Felizmente, esta expectativa pode ser aumentada quando uma boa nutrição e o tratamento adequado e cuidadoso - o qual exige bastante dedicação - são aliados. Assim, é sabido é que uma correta nutrição e não deixar faltar calorias e nutrientes no organismo são primordiais para uma boa qualidade de vida deste indivíduo. 
Então, vocês conseguem imaginar o que acontece quando um transtorno alimentar é desenvolvido em um destes indivíduos, certo? Segundo Gilchrist e Lenney, de 2008, a pressão da mídia e as extremamente magras modelos e celebridades acabam por ter impacto também em indivíduos com fibrose cística. 
Porém, a não realização de refeições, a alimentação em quantidade insuficiente, ou de qualidade não adequada, purgações, ou seja, os comportamentos de um transtorno alimentar, podem trazer consequências muito ruins para a saúde deste indivíduo, como a piora da sua condição, e até mesmo trazer consequências fatais.

2) Hoje, me deparei com uma matéria relatando que os transtornos alimentares estão também se infiltrando significante dentre jovens e adultos com diabetes tipo 1

A diabetes tipo 1 é caracterizada por uma secreção insuficiente de insulina, o que prejudica a absorção e metabolismo de glicose (açúcar). Assim, esses pacientes precisam fazer uso de insulina externa para que seu organismo metabolize sua alimentação corretamente. Quando não cuidada e controlada, a diabetes tipo 1 pode trazer riscos e problemas à saúde do indivíduo, desde pequenas alterações a grandes problemas de saúde (Mais informações aqui).
E quando o indivíduo entra num quadro de transtorno alimentar, ele acaba não fazendo o correto controle da sua condição, e os riscos à saúde ficam muito acentuados, trazendo riscos para sua própria vida.


Então, duas coisas me chamaram a atenção nestas situações:


  1. Como a busca e obsessão pela magreza e pelo corpo perfeito - que já têm trazido efeitos negativos para a saúde de muitas pessoas que antes eram saudáveis - têm também se infiltrado dentre pessoas que já possuem uma condição de saúde mais delicada. Ou seja, essa obsessão tem entrado na vida de pessoas que já possuem uma condição que exige maior controle e cuidado e que não podem se submeter a alimentação e comportamentos alimentares equivocados, trazendo consequências muito devastadoras na vida destes indivíduos.
  2. Como os transtornos alimentares têm adquirido espaço dentre a população, não só dentre pessoas "saudáveis", mas também em pessoas que já possuem uma condição de saúde mais compicada.


A partir disso, minha reflexão traz: 
  • Por que é tão importante ser atingir a magreza? 
  • Por que ser tão magro está tão vinculado a uma vida feliz e saudável? 
  • Por que deixamos que nossa aparência tenha tanta importância?
E mais:
  • Por que as pessoas arriscam suas vidas para atingir essa magreza? (Como é o caso das situações acima, e também de todos os indivíduos que sofrem com T.A. Uma vez ouvi de uma paciente que ela preferia morrer a engordar.)


Quão grande é esse poder que a insatisfação corporal e os transtornos alimentares têm adquirido dentre as pessoas?